quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A Graça... da Srª do Monte


"...o meu arco tenho posto nas nuvens;
este será por sinal da aliança entre mim e a terra..." (Gn 9,13).

Um presente de aniversário do “arco-da-velha”! O melhor que alguma vez já tive e o melhor momento deste Ano! Entre amigos, no jardim de São Pedro de Alcântara, com o céu a ameaçar desabar em cima nas nossas cabeças, num dia de aniversário quase a derrocar… alguém se lembrou de soprar as nuvens e o mau tempo! Parecia-mos loucos varridos de bochechas em riste a bafejar o infinito entre o olhar atónito de quem passava… e porque a força de quem Acredita, existe mesmo… aqui está o arco-íris que nos foi oferecido e que só nos deixou quando a noite caiu!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

All You Need Is Love



Amar uma pedra, um cão, uma osga, uma barata.
Amar uma pessoa que não gosta de nós.
Amar uma pessoa de quem não gostamos.
O amor é mais difícil que a mecânica quântica.
Fernando Pessoa, num poema em que caridade rima com electricidade, diz que não tem caridade.

Às vezes, aquilo a que chamamos amor não é amor:
- é exigir amor em troca
- é dar para que dês

Amar alguém é confiar nessa pessoa, não estar de pé atrás,
acreditar nessa pessoa. Gostamos pouco uns dos outros, disse Tonino Guerra.
Querer amar e ser amado, dizia Jorge Luis Borges, é muito ambicioso, não é humilde.
Acho que devemos pedir só para amar.
È fácil amar quando a vida nos corre bem.
Quando a vida nos corre mal, insultamos o mundo e, às vezes, insultamos Deus. Acreditar então nas coisas mais queridas, mais pequeninas:
- as medalhinhas do nosso Baptismo, que entretanto foram roubadas, se perderam.
- a imagem de Nossa Senhora de Fátima comprada na loja dos 300.
- dois versos de uma oração de que esquecemos o resto.

Às vezes, a vida corre-nos muito bem e esquecemo-nos da compaixão. A compaixão é o amor. Só a compaixão salva. Só a compaixão é eterna.
O sofrimento nem sempre se vê. E o sucesso, como o desespero, pode cegar.

Às vezes, temos grandes amigos e não sabemos. A padeira do nosso bairro, o vizinho do nosso prédio. Anos e anos a dizer: “Bom dia! Boa-tarde!”, mais nada, e essas palavras bastam.

O amor nem precisa de palavras. Mas as palavras sabem bem.

Adília Lopes
(poema inédito declamado nas Oficinas de Leitura “Ler e entender S. Paulo”, sobre a primeira Carta aos Coríntios. Igreja de Santa Isabel – Novembro 2008)

domingo, 28 de dezembro de 2008

Alegrias de um Doce Natal



[Oratoria de Natal, Bach por J.E.Gardiner, o 2º Tenor da 1ªfila é o Nicolas Robertson!! um rouxinol que vive discretamente entre nós ali para os lados de Oeiras ;-)]

Ouvir a porta tocar e ter as crianças dos vizinhos a trazer-nos bolos para o pequeno almoço, receber telefonemas de Amigos que estão do outro lado do mundo a dizer que acabaram de se lembrar de nós, ter a casa a tresandar a benjoim e a canela, olhar para o presépio e pensar...
&%"#*?#&% FAZES-NOS MESMO FELIZES!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A Espuma do (Bom) Tempo... de Natal



“(…) Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
Um pescador me confirmou
Que um passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Ando cansado da lida
Preocupada, corrida, surrada, batida
Dos dias meus
Mas uma vez na vida
Eu vou viver a vida
Que eu pedi a Deus.”

Chico Buarque in "Bom Tempo"

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Adormecido no Jardim do Eden


Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se ao longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas...
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães,
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em rancho pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
«Se é que ele as criou, do que duvido» -.
«Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres».
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
..................................................................
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava,
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos
Vira uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
........................................................
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
.........................................................
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?
(Alberto Caeiro)

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Conversas Entre Perdizes



Entrou no atelier todo branco e abobadado que estava coberto de telas cheias de vida. Depois de ter observado tudo perguntou:
- para onde é que tu queres ir com tanta ave pintada?!
- para o mesmo sitio que tu…respondeu.
Riram alto durante um bom bocado e depois continuaram em silêncio a observar os pássaros.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Começaram as Grandes Noites Redondas


Eu caminhei na noite
Entre silêncio e frio
Só uma estrela secreta me guiava
Grandes perigos na noite me apareceram
Da minha estrela julguei que eu a julgara
Verdadeira sendo ela só reflexo
De uma cidade a néon enfeitada
A minha solidão me pareceu coroa
Sinal de perfeição em minha fronte
Mas vi quando no vento me humilhava
Que a coroa que eu levava era de um ferro
Tão pesado que toda me dobrava
Do frio das montanhas eu pensei
"Minha pureza me cerca e me rodeia"
Porém meu pensamento apodreceu
E a pureza das coisas cintilava
E eu vi que a limpidez não era eu
E a fraqueza da carne e a miragem do espírito
Em monstruosa voz se transformaram
Disse às pedras do monte que falassem
Mas elas como pedras se calaram
Sozinha me vi delirante e perdida
E uma estrela serena me espantava
E eu caminhei na noite minha sombra
De desmedidos gestos me cercava
Silêncio e medo
Nos confins desolados caminhavam
Então eu vi chegar ao meu encontro
Aqueles que uma estrela iluminava
E assim eles disseram: "Vem connosco
Se também vens seguindo aquela estrela"
Então soube que a estrela que eu seguia
Era real e não imaginada
Grandes noites redondas nos cercaram
Grandes brumas miragens nos mostraram
Grandes silêncios de ecos vagabundos
Em direcções distantes nos chamaram
E a sombra dos três homens sobre a terra
Ao lado dos meus passos caminhava
E eu espantada vi que aquela estrela
Para a cidade dos homens nos guiava
E a estrela do céu parou em cima
de uma rua sem cor e sem beleza
Onde a luz tinha a cor que tem a cinza
Longe do verde azul da natureza
Ali não vi as coisas que eu amava
Nem o brilho do sol nem o da água
Ao lado do hospital e da prisão
Entre o agiota e o templo profanado
Onde a rua é mais triste e mais sozinha
E onde tudo parece abandonado
Um lugar pela estrela foi marcado
Nesse lugar pensei: “Quanto deserto
Atravessei para encontrar aquilo
Que morava entre os homens e tão perto”

(Sophia de Mello Breyner Andresen in A Estrela)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Dois Olhares... Duas Sementes


Ontem fiquei com lágrimas nos olhos quando percebi junto desta árvore que por causa de uns pequenos frasquinhos os seus ramos tinham sido partidos! Fiquei mesmo triste!!!
Jeremias diria: "O Senhor chamou-te de Oliveira verde, formosa por teus deliciosos frutos; mas agora, à voz de grande tumulto, acendeu fogo ao teu redor e consumiu os teus ramos"...
Perguntei durante o resto da tarde aos meus botões - Como é que é possível que as pessoas façam isto?? ...
Poucos dias antes tinha-me deparado com outra semente ...
Pensei então, no respeito de um outro olhar... e no que ainda temos que trabalhar neste imenso jardim em que vivemos...
Se, no teu centro
um Paraíso não puderes encontrar,
não existe chance alguma de, algum dia,
nele entrar.

Angelus Silésius (místico medieval)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008



Muitos parabéns, querido amigo Tolentino!

Era uma vez ...



um passarinho que engoliu uma pertétua roxa quando era pequenino e desde esse dia, sempre que canta, tudo à sua volta fica mais cor-de-rosa!

sábado, 13 de dezembro de 2008

E Cantando... E Cantando Vou Rezando...



Avé Maria, cheia de graça
que por nós passa dando alegria
Nosso Senhor convosco está
e a nós nos dá o seu amor.

Rogai por nós os pecadores
das nossas dores ouvi a voz
e na agonia, quando chegar,
seja a rezar Avé Maria,
seja a rezar Avé Maria.

Santa Maria, ó Mãe clemente,
da nossa gente sois luz e guia.
Ao português que a paz vos pede
perdão concede mais uma vez.

(Porque este Advento tem sido mesmo... Português, com lágrimas, com muitos sorrisos e a cumplicidade dos Amigos verdadeiros!)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A NÃO PERDER

Oração da Manhã



Um pequeno almoço "Do Além", com todo o tempo do mundo em homenagem ao Manuel de Oliveira!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Oração ao Espirito Santo

-me um coração grande
aberto à vossa silenciosa e forte
Palavra inspiradora.
Fechado a todas as ambições mesquinhas.
Alheio a qualquer competição desprezivel.
Compenetrado do sentido da Santa Igreja.
Um coração grande, com o desejo
de se tornar semelhante ao do Senhor Jesus.

Um coração grande e forte
para amar a todos,
para servir a todos,
para sofrer por todos.

Um coração grande e forte
constante até ao sacrificio, quando for necessário.

Um coração que encontra a sua felicidade
em bater com o Coração de Jesus,
e em cumprir, fiel e humildemente, a vontade do Pai.

Paulo VI

Não apagueis o Espirito

"Não apagueis o Espirito", diz S. Paulo
"Apagar" é, antes de mais, reconhecê-lo como Luz na nossa vida;
Luz que ajuda a avaliar tudo, para conservar o que é bom e nos afasta do mal;
Luz que ilumina as nossas escolhas e opções.....
Não, não queremos "apagar" a Luz da Tua Presença !
Espirito Santo, ajuda-nos a viver este tempo de espera !
Faz-nos encontrar, reconhecer e dar testemunho das razões da nossa alegria !
Ajuda-nos a viver a dimensão da acção de graças, mesmo quando a dor "aperta";
ilumina o nosso entendimento; fortalece a nossa vontade.
Ajuda-nos, a que todo o nosso ser "se conserve irrepreensível para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo"