AO NOSSO BOM PASTOR...

Cena in Emmaus, Caravaggio 1601-02, National Gallery, London.

O Miolo de "Noz" deseja...
UM GRANDE DIA DE ANIVERSÁRIO!!

Em Estado de Choque II

Em Janeiro deste ano, num passeio matinal pela santa terrinha fiquei em estado de choque quando descobri que iam construir uma igreja absolutamente imprópria para cardíacos no bairro. Comecei por pensar que era um exercício criativo da pastelaria mais próxima... ainda tive a ingenuidade de pensar que o projecto iria rapidamente pelo ar com os ventos do alto do Restelo. Infelizmente esta semana lançaram a primeira pedra… não para destruir a maqueta como seria desejável mas para começar a construir o dito templo.

Curiosamente, pela total falta de ordenamento e pela confusão urbanística daquele local, faz tempo que apelidamos o quarteirão onde está a crescer esta construção de – Faixa de Gaza!

A Guerra Santa está mesmo instalada e a terrinha está ao rubro em polémica…

Sem tocar na questão estética, indagamos o porquê de uma igreja daquelas caracteristicas e daquela dimensão, quando temos missas meio vazias nos Jerónimos, Nossa Senhora de Schoenstatt, Colégio de São José, Caselas, Ajuda, Memória... já para não falar da própria “Favela Chic”(nome pelo qual é tratado carinhosamente o pré-fabricado que serve os fregueses de São Francisco Xavier)?

Alguém nos consegue explicar este devaneio?!

Preparando o Próximo Domingo…

W.Turner

Conversa no avião com uma criança de 6 anos (sussurrado para o pai não ouvir):

PERGUNTA _ Chhhh… Mme on peut marcher sur les nuages come Jésus sur les eaux ?
RESPOSTA _ Ce n'est pas facile mais tu peux imaginer…

Sorriu e continuou a olhar com o nariz esborrachado na janela…eu sorri para dentro e continuei a ler o livro que a mãe me tinha oferecido para levar na viagem…


"(…) As grandes virtudes, que nascem, se ouso dizê-lo, na parte da alma mais subida e mais divina, parecem estar encadeadas umas nas outras. Que um homem tenha a força de ser sincero, e vereis uma certa coragem difundida em todo o seu carácter, uma independência geral, um império sobre si mesmo igual ao exercido sobre os outros, uma alma isenta das nuvens do temor e do terror, um amor pela virtude, um ódio pelo vício, um desprezo pelos que se lhe abandonam. De um tronco tão nobre e tão belo, não podem nascer senão ramos de ouro."

Baron de Montesquieu, in 'Elogio da Sinceridade'

VER PARA CRER?

As Igrejas atravessaram as diversas
idades técnicas da memória – literal,
analógica, numérica –, transitando
pelas diferentes mediasferas – a
oralidade, a imprensa, o audiovisual
(R. Debray). No seu âmago, a nossa
civilização encontra-se habitada pela
representação cristã da Encarnação,
de onde decorre um particular papel
do cristianismo na construção da
memória visual das culturas.
Em sociedades saturadas de imagens
e no terreno de amplos trânsitos do
crer, as questões relativas às
mediações visuais ganharam um
renovado interesse para a indagação
teológica. Elas estão no centro da
reflexão sobre a transmissão cultural
da experiência cristã.

coordenação . Alfredo Teixeira José Tolentino Mendonça

Programa

09.30 - Acolhimento

10.00 - Abertura
Peter Stilwell . FT . Alfredo Teixeira . IUCR
José Tolentino Mendonça . SNPC

10.15 - A cultura como lugar teológico
José Nunes . FT CERC
moderador Alfredo Teixeira . IUCR CERC

11.00 - Pausa

11.15 - Painel Cristianismo e mediações visuais
Alfredo Teixeira . IUCR CERC . Paulo Vale . FT
João Eleutério . School of Christian Studies
moderador Nuno Brás . FT CERC

12.45 - Pausa

15.00 - Il Vangelo secondo Matteo . 1964
de Pier Paolo Pasolini . Projecção e comentário
Inês Gil . ULHT . moderador . Juan Ambrosio . FT CERC

16.30 - Pausa

17.00 - O rosto de Cristo como um Rouault
José Tolentino Mendonça . FT CERC
moderador . João Lourenço . FT CERC

18.00 - Conferência de Encerramento
Teologia e vida eclesial
Cardeal D. José Policarpo
moderador . Peter Stilwell . FT

Escutarei de noite as tuas palavras...

Para a Rita se lembrar que existirá sempre
um abraço amigo e protector.

Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.

Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.

Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.

Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.

Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.

O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o Outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.

Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...

E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.

O Pai, Pablo Neruda, in "Crepusculário"