quarta-feira, 16 de julho de 2014

Corpo de Cristo

"Amei-te, como se ama um farrapo desses que há muito perdemos./ Farrapo quer dizer coisa, não aquilo que esquecemos: um brinquedo de criança, um corpo, o teu corpo, o meu, esse que neles modelava a preencher um vazio./ Amei-te. Senti compaixão de ti, do teu corpo de menino; do mísero adolescente, tão demente, oh tão prudente!, incapaz de um desatino;/ do homem já tão farrapo que servia de remendo aos joelhos do destino./ Amei-te, corpo em Deus transfigurado, transformado num farrapo./ (...) Amei-te, quando gritei ao teu céu: devolve-me as minhas mágoas./ Eu de Deus não quero nada que não seja igual a ti; que não seja igual a mim./ Amei-te, porque eras maior do que eu; porque eras o meu destino: remendo, trapo, farrapo, natureza, minhas mágoas, homem farrapo divino." Ruy Cinnati

domingo, 8 de junho de 2014

sexta-feira, 6 de junho de 2014

sábado, 26 de abril de 2014

GAAFs... em Abril!

Obrigada ao Camarada José Pacheco Pereira por nos recordar onde é que nós estávamos no 25 de abril ;-)

segunda-feira, 14 de abril de 2014

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Millennials leaving religion over anti-gay teachings

«(In America)...In 2003, all major religious groups opposed same-sex marriage, with the exception of the religiously unaffiliated. Today, there are major religious groups on both sides of the issue. Religiously unaffiliated Americans (73%), white mainline Protestants (62%), white Catholics (58%), and Hispanic Catholics (56%) all favor allowing gay and lesbian couples to marry. A majority (83%) of Jewish Americans also favor legalizing same-sex marriage. Hispanic Protestants are divided; 46% favor allowing gay and lesbian couples to legally marry and 49% oppose. By contrast, nearly 7-in-10 (69%) white evangelical Protestants and nearly 6-in-10 (59%) black Protestants oppose same-sex marriage. Only 27% of white evangelical Protestants and 35% of black Protestants support same-sex marriage...»

Jornadas de Estudos Teológicos

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

COMO? & PORQUÊ?

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Estados de Espírito

Aqui fica um texto magnífico de José Tolentino Mendonça sobre a inquietude da vida.A partir do que diz Maria Gabriel Llansol, a procura incessante de sentido para o nosso interior, é, de facto, um dom: «Creio que o que de mais importante podemos testemunhar e despertar na vida uns dos outros é aquilo que a escritora Maria Gabriela Llansol chama, na sua linguagem inesquecível, «a luta quotidiana pelo fulgor». O fulgor não é uma evanescência, nem resulta de um qualquer errático acaso. É um combate, o fulgor. É um esforço de todos os dias esta procura de luz, de intensidade, este desejo de uma cintilação na paisagem baça e opaca que, tantas vezes, parece ser a única que nos resta. O fulgor abre-nos a uma compreensão maior do próprio tempo. Liga-nos ao que está mais adiante ou mais fundo. Rompe brechas. Faz-nos teimosamente repetir: “não pode ser só isto”. Encontrei-me com Maria Gabriela Llansol diversas vezes, e recordo de modo particular duas situações. Não sei se as torna especialmente indeléveis o facto de terem constituído a primeira e a última das nossas conversas. Talvez seja também isso. Ambos os momentos ocorreram em Sintra. No primeiro, ela estava à minha espera na estação, à chegada do comboio, e demos um demorado passeio pelo parque da Vila. Lembro-me que à queima-roupa ela me perguntou: «Tolentino, o que procuras?». Não esperava por aquela pergunta, fiquei calado e confundido, e respondi-lhe qualquer coisa de que me esqueci. Mas a sua pergunta ficou-me. A luta quotidiana pelo fulgor faz-se de exercícios assim. É verdade que são exigentes e que não estamos preparados para eles. Mas se cada um de nós não afronta, com clareza, os quês e os porquês que silenciosamente persegue, o fulgor daquilo que vivemos diminui, fica como que comprometido. No nosso último encontro, a Maria Gabriela já estava muito doente. Ela havia manifestado a amigos comuns o desejo de estar comigo e apressei-me a realizá-lo. Tinha uma dificuldade grande em falar, mas essa dificuldade era também uma misteriosa e humaníssima forma de linguagem. Acho que nos entendemos muito bem. No final, ela pediu que tomássemos um chá. E assim fizemos, nas chávenas mais belas do seu armário, sorvendo com aquele chá uma coisa que eu e gerações de leitores aprendem com ela: a luta quotidiana e extrema pelo fulgor. Umas semanas depois da sua morte, recebi um pacote proveniente da sua morada, que me deixou numa comoção que vão certamente compreender: num papel de seda azul, muito delicado, vinham embrulhadas as chávenas que celebraram o nosso último encontro. Este ano morreu-me outro querido amigo, o Frei José Augusto Mourão. Com uma generosidade que muito me tocou, os Padres Dominicanos decidiram incluir-me na condivisão simbólica da herança do José Augusto. Dessa herança afetiva que me foi atribuída, fazia parte uma carta que Maria Gabriela Llansol lhe havia endereçado. E dizia assim: «Talvez que solidão e companhia se avistem do mesmo lugar. Creio que o conhecimento nasce de uma espécie de passagem rápida de uma pela outra. “Olá”, diz a companhia. “Olá”, diz a solidão, e ambas desaparecem nessa tensão de querer ser e saber». Falta só dizer que o fulgor é uma luta sem deixar, como se vê, de ser um dom.» Tolentino Mendonça, agosto de 2011

segunda-feira, 11 de março de 2013

Uma família de mão dada com o Papa

Pois é.De facto o tempo passa e, de repente, o Papa Bento XVI passou a Papa Emérito e amanhã, 12 de março de 2013, começa o novo conclave. Lembro-me de estar sentada, esparramada é o verbo mais correcto, no sofá da sala, na casa de férias dos meus avós paternos, em Santo Amaro de Oeiras, quando morreu o Papa Paulo VI.Lembro-me também que na altura, uma coisa que me pareceu um bocado vaga,gerou um grande reboliço lá em casa.Paulo VI tinha sido o Papa dos últimos 15 anos, estávamos em 1978 e «Meu Deus, o quê que virá aí?», «Minha Nossa Senhora de Fátima, dizia a Isabel, e agora?».«Ó menina, é que o Papa gostava muito de Nossa Sra de Fátima e esteve cá em Fátima há uns anos (em 1967). No meio disto, outros havia lá em casa preocupados com a exoneração do Mário Soares e com o Governo Nobre da Costa. E depois veio o Papa João Paulo I, o Papa Sorriso, que cedo partiu.E os netos continuaram a nascer e a crescer.E João Paulo II. O Grande Papa.E as férias passaram para S.João do Estoril. E os imensos bisnetos foram nascendo.E depois Bento XVI.O intelectual.Aquele que muitos não queriam.Aquele que foi uma grande surpresa, uma muito agradável surpresa.Todos eles eleitos, eleitos por Deus.Todos eles homens,seres humanos imperfeitos na sua humanidade.Comos os avós, filhos, netos e bisnetos. Homens de grande coragem. Estamos cá à espera do próximo Papa.Como sempre, será o nosso Papa.E que Deus o proteja.

sábado, 26 de janeiro de 2013

Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização

Encontrando-se próximo o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2013, o Papa Bento XVI publicou um texto onde nos propõe algumas reflexões sobre uma das formas de comunicação mais importantes da actualidade: as redes sociais digitais. Partilho da opinião do Papa quando diz, entre outras coisas, que, nas redes, «…as pessoas que nelas participam devem esforçar-se por serem autênticas, porque nestes espaços não se partilham apenas ideias e informações, mas em última instância a pessoa comunica-se a si mesma». Mas leiam que vale a pena. Praticamente tudo aquilo que é dito no texto é o que, idealmente, deveria ser o mundo das redes sociais: «…Estes espaços, quando bem e equilibradamente valorizados, contribuem para favorecer formas de diálogo e debate que, se realizadas com respeito e cuidado pela privacidade, com responsabilidade e empenho pela verdade, podem reforçar os laços de unidade entre as pessoas e promover eficazmente a harmonia da família humana. A troca de informações pode transformar-se numa verdadeira comunicação, os contactos podem amadurecer em amizade, as conexões podem facilitar a comunhão. Se as redes sociais são chamadas a concretizar este grande potencial, as pessoas que nelas participam devem esforçar-se por serem autênticas, porque nestes espaços não se partilham apenas ideias e informações, mas em última instância a pessoa comunica-se a si mesma. O desenvolvimento das redes sociais requer dedicação: as pessoas envolvem-se nelas para construir relações e encontrar amizade, buscar respostas para as suas questões, divertir-se, mas também para ser estimuladas intelectualmente e partilhar competências e conhecimentos. Assim as redes sociais tornam-se cada vez mais parte do próprio tecido da sociedade enquanto unem as pessoas na base destas necessidades fundamentais. Por isso, as redes sociais são alimentadas por aspirações radicadas no coração do homem. A cultura das redes sociais e as mudanças nas formas e estilos da comunicação colocam sérios desafios àqueles que querem falar de verdades e valores. Muitas vezes, como acontece também com outros meios de comunicação social, o significado e a eficácia das diferentes formas de expressão parecem determinados mais pela sua popularidade do que pela sua importância intrínseca e validade. E frequentemente a popularidade está mais ligada com a celebridade ou com estratégias de persuasão do que com a lógica da argumentação. Às vezes, a voz discreta da razão pode ser abafada pelo rumor de excessivas informações, e não consegue atrair a atenção que, ao contrário, é dada a quantos se expressam de forma mais persuasiva. Por conseguinte os meios de comunicação social precisam do compromisso de todos aqueles que estão cientes do valor do diálogo, do debate fundamentado, da argumentação lógica; precisam de pessoas que procurem cultivar formas de discurso e expressão que façam apelo às aspirações mais nobres de quem está envolvido no processo de comunicação.Tal diálogo e debate podem florescer e crescer mesmo quando se conversa e toma a sério aqueles que têm ideias diferentes das nossas. «Constatada a diversidade cultural, é preciso fazer com que as pessoas não só aceitem a existência da cultura do outro, mas aspirem também a receber um enriquecimento da mesma e a dar-lhe aquilo que se possui de bem, de verdade e de beleza» (Discurso no Encontro com o mundo da cultura, Belém, Lisboa, 12 de Maio de 2010).Texto completo aqui

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Que bom, o advento!

Lindo, feito pela Marta Veiga.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

 
 
Esta é uma pagela que me deram na missa de N.Sra. de Fátima
 
 
 

terça-feira, 2 de outubro de 2012


À PROCURA DA PALAVRA
P. Vitor Gonçalves
                 
DOMINGO XXVII COMUM Ano B
"Foi por causa da dureza do vosso coração
que ele vos deixou essa lei."
Mc 10, 5

Dureza de coração?

Hoje é um dos dias em que apetecia pegar só no final do evangelho: Jesus, rodeado das crianças que chamou para junto de si e a dizer que só pode entrar no céu quem acolher o Reino como uma criança. Com o encanto e o coração de uma criança! Aparentemente mais fácil do que a primeira parte do evangelho, que evoca as situações dolorosas das uniões e desuniões entre o homem e a mulher, os matrimónios e as separações. E sentindo-me muitas vezes pequeno diante de tantos testemunhos felizes e dolorosos, não posso deixar de partilhar algumas palavras sobre este tema delicado em que o ideal e o real tantas vezes se opõem.
Diante da cilada que lhe armam, Jesus lembra as palavras da criação e destrói a base do patriarcado na relação do casal. Ele exclui qualquer espécie de domínio do homem sobre a mulher. Entre o homem e a mulher não pode haver opressão ou subjugação de ninguém, porque Deus criou-nos homem e mulher. Ambos com a mesma dignidade, responsáveis pelo seu destino, chamados à felicidade. Nenhuma felicidade se faz subjugando alguém. O projecto matrimonial só pode ser a suprema expressão do amor humano, se nenhum fôr dono ou exercer domínio sobre o outro. As inúmeras situações de “violência doméstica”, da morte de mulheres às mãos dos maridos, e até de maus tratos entre namorados são gritos de alerta.  Quanto de cultural, de tradições desumanas, e até de práticas religiosas contrárias às palavras de Jesus, é preciso ainda evangelizar? O que existe ainda de controle, submissão e imposição do homem sobre a mulher no dia a dia, em instituições civis e religiosas? Que “nova evangelização” para a igual dignidade do homem e da mulher é pedida a nós, cristãos?
O horizonte de verdade e de compromisso em que Jesus coloca o amor de um casal é uma interpelação constante à nossa vida. Creio que já ninguém acredita no casamento como um “seguro-contra-todos-os-riscos”, e ainda bem, porque nunca o foi! Se é verdade que as relações são mais frágeis, também se ganhou em autenticidade, em coragem de dar nome ao que se pensa e se sente. Não percebemos melhor que o amor é um projecto, que tem crises e altos e baixos, e que vale a pena reacender o fogo que se apagou quando as rotinas gelam a relação? Alguém viu o filme “Terapia a Dois”, ainda nos cinemas? Sim, pouco ou nada fala de Deus, mas fala tanto de reconstruir o amor que imagino Jesus a sorrir com as nossas trapalhadas afectivas!
Mas o mais difícil é outra coisa. Os casamentos que acabaram (alguns nunca tinham começado!), as separações dolorosas, as culpas que se eternizam, a dor de sentir que Deus parece olhar de lado para quem “falhou” no casamento, a dificuldade de a Igreja acolher tantos que sofrem e reconhecer algo que verdadeiramente acabou, isso é que é difícil. Ah Jesus!, que ajuda nos pedes e nos dás para sermos verdadeiramente intérpretes da tua vontade em libertar e salvar o que estava perdido? Como podemos acolher o Reino como uma criança?  

Voz da Verdade 07.10.2012

sexta-feira, 29 de junho de 2012


À procura da Palavra
P. Vitor Gonçalves

DOMINGO XIII COMUM Ano B
"Quem tocou nas minhas vestes?"
Mc 5, 30

Toques de vida

Quem poderá dizer se foi por termos sido modelados pelas mãos de Deus que sentimos a importância de tocar e de sermos tocados? Nascemos necessitados que nos toquem com carinho e cuidado, e descobrimos com o tempo o toque da amizade e do amor. Até aprendemos a dizer que há coisas, experiências e pessoas que "nos tocam". No fundo, podíamos contar a nossa vida a partir daquilo que verdadeiramente "nos toca" e que, penetrando no íntimo do ser e do pensar, estrutura a pessoa única e bela que é cada um de nós. Para não falar de todos aqueles que tocamos, algumas vezes sem o cuidado devido, para quem somos mais importantes do que julgamos.
Viajar, descobrir outras paisagens, conhecer novas pessoas é romper as fronteiras do quotidiano e experimentar a riqueza de tocar e ser tocado. A beleza das terras da Nova Inglaterra e o acolhimento dos açorianos de Fall River encheram estes dias de descoberta do Novo Mundo, de imensas experiências. A fé vivida e testemunhada em experiência de comunidade, estruturada numa admirável partilha de responsabilidades, em que muitos se empenham para realizar uma festa extraordinária, foi algo que me tocou profundamente. E o trabalho dedicado daquele que é o seu pastor, incansável e inconformado no dinamismo que o evangelho reclama, na atenção aos sinais dos tempos (o "toque" do Vaticano II) foi o que mais me tocou.
Os evangelhos estão repletos de narrações em que Jesus rompe as inúmeras barreiras religiosas que separavam as pessoas em puras e impuras, que proibiam e desaconselhavam o toque físico. Ele não se cansa de "tocar" com as mãos e com as palavras que saram feridas e até ressuscitam mortos. Com uma onda de ternura e bondade relembra que não somos espíritos descarnados, mortos-vivos ambulantes, e precisamos destes incontáveis "toques" que transmitem vida. O cristianismo vive e celebra-se em experiências sensoriais, eleva o corpo humano a lugar da manifestação do amor de Deus, e definha quando deixamos de "tocar" a vida e de levar a todos a maravilha de Deus nos "tocar". Ah, esterilidade de ideias e até de conceitos teológicos que não assumem a encarnação de Jesus em todas as consequências! Jesus toca porque se aproxima, sem defesas nem guarda-costas, toca porque ama, e toca para que o amor salve. Comunga a nossa existência e partilha connosco a sua essência. Dá a vida nova, pega-nos pela mão e levanta-nos. Não gasta tempo em discursos vazios ou condenações, em piedosas intenções ou a dizer mal da morte. Confirma a fé de quem lhe tocou nas vestes, e ressuscita a filha querida de Jairo. 
Queremos tocar Jesus assim? Deixamos que Ele nos toque para nos ressuscitar destas mortes que atrofiam e matam devagarinho? Somos presença de Jesus a tocar o mundo? Neste domingo, nas ordenações de padres e diáconos em Lisboa, as mãos de bispos e padres vão tocar suavemente as cabeças dos que são ordenados. Pedindo que o Espírito Santo desça sobre eles. Que as suas mãos e as suas vidas saibam tocar como Jesus!

in Voz da Verdade 01.07.2012

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dia 21

quarta-feira, 14 de março de 2012

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A Quaresma vem ao nosso encontro

Um dos mais espantosos apelos de Quaresma que conheço não foi assinado por um eclesiástico, nem por um teólogo, mas sim por um poeta. Escreveu-o T.S.Eliot em 1930, três anos após a sua conversão, e deu-lhe um nome austero, sem o cómodo encosto que por vezes é o dos adjetivos: chamou-lhe simplesmente “Quarta-feira de Cinzas”.

Nesse poema, dizem-se três coisas fundamentais. Se as soubermos ouvir, percebemos que elas correspondem a caminhos muito objetivos (a mapas pessoais e comunitários) de conversão. E não é esse o desafio da Quaresma, e desta Quaresma em particular?

1. A Quaresma vem ao nosso encontro para que nos reencontremos. Os traços que o poeta desenha coincidem dramaticamente com os do nosso rosto: damos por nós a viver uma vida que não é vida, acantonada entre lamentos e amoques, sem saber aproveitar verdadeiramente a oportunidade que cada tempo constitui, como se tivéssemos capitulado no essencial, e passássemos a olhar para as nossas asas (e para as dos outros) sem entender já o papel delas. “Esmorecendo, esmorecendo”.

2. A Quaresma vem ao nosso encontro para nos devolver ao caminho pascal. O que é que nos dá o sentido de redenção no tempo? – pergunta o poema. E o poema evangelicamente responde: o sentido de transformação é-nos dado quando aceitamos trilhar um caminho. O que nos permite passar do cerco das coisas triviais à revigoração da fonte, o que do sono nos dá acesso à vigília iluminada da vida é aceitarmos o desafio de nos fazermos de novo à estrada, e à estrada menos óbvia e mais adiada que é aquela interior. A Páscoa é a grande possibilidade de revitalização. Mas é preciso consentir naquela imagem brutalmente verdadeira do profeta Ezequiel: por agora somos mais uma sucata de restos, do que uma primavera do Espírito.

3. A Quaresma vem ao nosso encontro para que a tensão criadora do Espírito de Jesus redesenhe em nós a vida. Interessantes são os verbos que o poeta usa como prece: “que sejamos instigados”, “que sejamos sacudidos”. A Quaresma faz-nos passar do “deixa andar”, e do viver espiritualmente entorpecido ao estado da corda tensa. Aquela que é capaz de avizinhar da nossa humanidade reencontrada a música de Deus.

José Tolentino Mendonça
© SNPC | 13.02.12

Chamei-vos amigos

«No momento crucial da sua Paixão, Jesus volta-se para os discípulos e diz-lhes: «a vós chamei-vos amigos» (Jo 15,15). Que quer isto dizer? Que pode a experiência da amizade iluminar da relação de Jesus com os discípulos e dos discípulos do Senhor entre si? Sem a amizade, podemos aceder ao conhecimento de Deus? Jesus é claríssimo: «a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai.»

Quando nos confrontamos com a amizade sentimos todos a dificuldade de exprimi-la, pois entramos num campo onde não há espaço para muitas declarações, e soam despropositados os longos discursos... existem, sim, histórias de vida. Existem nomes, rostos, vivências... Existe o indizível da presença, a coreografia fiel e criativa dos gestos. Mesmo quando se trata de uma amizade intensa, a amizade não deixa de ser uma experiência discreta, ainda que gere marcas humanas e espirituais inapagáveis. Não é por acaso que, nas nossas sociedades, o amor acabe por ser tutelado institucionalmente, mas não há nenhuma lei escrita que tutele a amizade. Há uma ética da amizade, mas essa vem apenas inscrita nos corações. (...)

Há uma teologia da amizade que precisa de ser anunciada. Não se entende o mistério da Santíssima Trindade, nem o da nossa Humanidade, sem pensarmos no que é a amizade. Simone Weil (cujo lastro é tão patente neste texto de Ronchi) explicita-o assim: «A amizade pura éuma imagem da amizade original e perfeita que é a da Trindade eque é a própria essência de Deus. É impossível que dois seres humanos sejam um e, não obstante, respeitem escrupulosamente a distância que os separa, se Deus não estiver presente em cada um deles. O ponto de encontro das paralelas está no infinito.»

Um amigo, por definição, é alguém que caminha a nosso lado, mesmo se separado por milhares de quilómetros ou por dezenas de anos. O longe e a distância são completamente relativizados pela prática da amizade. De igual maneira, o silêncio e a palavra. Um amigo reúne estas condições que parecem paradoxais: ele é ao mesmo tempo a pessoa a quem podemos contar tudo e é aquela junto de quem podemos estar longamente em silêncio, sem sentir por isso qualquer constrangimento. A amizade cimenta-se na capacidade de fazer circular o relato da vida, a partilha das pequenas histórias, a nomeação verbal do lume mais íntimo que nos alumia. A amizade é fundamentalmente uma grande disponibilidade para a escuta, como se aquilo que dizemos fosse sempre apenas a ponta visível de um maravilhoso mundo interior e escondido, que não serão as palavras a expressar.

O modo como uma grande amizade começa é misterioso. Podemos descrevê-lo como um movimento de empatia que se efetiva, um laço de afeição ou de estima que se estreita, mas não sabemos explicar como é que ele se desencadeia. Irrompe em silêncio a amizade. Na maior parte das vezes, quando reconhecemos alguém como amigo, isso quer dizer que já nos ligava um património de amizade, que nos dias anteriores, nos meses anteriores, como escreveu Maurice Blanchot, «éramos amigos e não sabíamos».
Aquilo de que uma amizade vive também dá que pensar. É impressionante constatar como ela acende em nós gratas marcas tão profundas com uma desconcertante simplicidade de meios: um encontro dos olhares (mas que sentimos como uma saudação trocada entre as nossas almas), uma qualidade de escuta, o compartilhar mais breve ou demorado de uma mesa ou de uma conversa, um compromisso comum num projeto, uma qualquer ingénua alegria... A linguagem da amizade é discreta e ténue. E, ao mesmo tempo, é inesquecível e impressiva.


Há aquele ditado que diz: «viver sem amigos é morrer sem testemunhas.» A diferença entre os conhecidos e os amigos é a mesma que distingue um ocasional espectador daquele que está habilitado a testemunhar. Este último disponibiliza-se realmente a ser presença. Se tivéssemos de resumir a sua natureza, podíamos dizer: um amigo é alguém que foi capaz de olhar, mesmo que por um segundo apenas, o fundo da nossa alma e transportar depois consigo esse segredo, da forma mais gratuita e construtiva.

Tenhamos por uma grande verdade aquilo que escreveu o filósofo Paul Ricoeur: «para ser amigo de si próprio é necessário ter já vivido uma relação de amizade com alguém.» Mas também aquilo que Séneca antes havia gravado: «Ter um amigo é ter alguém por quem morrer.» A gente percebe que esta frase escrita no século I, é um dístico que ilumina (e muito) o segredo de Jesus.»

José Tolentino Mendonça

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dia dos Namorados: sentimentos, olhares e afetos

Verdade, verdade é que os sentimentos são um atraso de vida.
Paralisam ou põem tudo em rodopio.
Estremecem.
Tiram de órbita.
Afundam e ressuscitam.
Fazem rodar as quatro estações.
Na mesma tarde.
Acreditam?
Verdade, verdade é que os sentimentos atrasam. Deixam o trabalho para depois.
Despistam.
Aproximam o pó das estrelas e distanciam o pó das sebentas.
Que fazer?
Suspiros. Olhares. Olhinhos.
A linguagem passa perigosamente ao estado diminutivo sempre que os sentimentos perigosamente se expandem.
O pior é que nem pela ironia se dá.
Mas a verdade, a grande verdade é que os sentimentos interessam.
Tornam-nos gente.
Ensinam-nos a ser.
Pedem de nós o que trazemos de único e de irrepetível.
E preparam-nos para querer, para desejar receber o mesmo.
Do outro. Da outra.
Um comércio puro, gratuito.
Tão diferente, tão distante
dos rotineiros comércios.

A qualidade do nosso estar, aqui ou noutro lado, as coisas que temos ou que gostamos mesmo de aprender, os outros com que vamos tecendo o quotidiano, o sentido mais profundo que buscamos emprestar à nossa vida
dão-nos estofo. Firmeza interior.
Capacidade de construir.
Não aconteça sermos nós
uns atrasos de vida que fazem emperrar
os essenciais sentimentos.

Tolentino Mendonça

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Gary Cooper e a gaffe com o Papa Pacelli


di SILVIA GUIDI

"È avvenuto tutto in modo molto naturale; chi ha conosciuto mio padre sa bene che sarebbe stato impossibile costringerlo a fare qualcosa che non aveva intenzione di fare. Ha iniziato a venire con noi a messa più spesso (tra i nostri riti familiari c'era la messa seguita da tuffo nell'oceano la domenica mattina a Santa Monica) non solo a Natale o a Pasqua. Poi ha chiesto di essere battezzato". Maria Janis Cooper sta parlando della conversione di suo padre, Frank James (in arte Gary) Cooper; nel luglio del 2011 la sceneggiatrice Mary Claire Kendall ha ricordato in rete (www.ncregister.com) la sua testimonianza per celebrare, a cinquant'anni dalla morte, il divo che meglio ha interpretato il John Doe americano, l'uomo della strada semplice e onesto, spontaneamente altruista ma anche geloso della propria libertà.

Al contrario di quanto viene frequentemente detto e scritto nelle biografie, la sua conversione non coincise con la scoperta della malattia che lo porterà alla morte nel 1961. E soprattutto - conferma la figlia Maria - non fu costretto da sua moglie, cattolica fervente, ad "andare a catechismo": "Non è andata così; è stato un percorso molto lento e graduale (…) ha ricomposto secondo un nuovo disegno tessere già presenti da tempo nel mosaico della sua vita".
Cooper si converte al cattolicesimo nel 1958, ma il suo percorso di avvicinamento alla fede inizia nel 1950, ben otto anni prima. "Aveva una spiritualità molto profonda - continua Maria - lontana da ogni "ismo", da ogni teoria o ideologia, un senso religioso che probabilmente si è sviluppato vivendo a contatto con la natura nel West e conoscendo e amando la cultura e la spiritualità dei nativi d'America. Non è mai stato una persona egoista o superficiale". Un aspetto confermato anche dai colleghi: "Con Gary c'erano sempre meravigliose, nascoste profondità che non avevi ancora notato - ricorda Jean Arthur, sua partner nel film Mr. Deeds Goes to Town - era come stare sempre a Gibilterra, sulla soglia delle colonne d'Ercole".

Divo per caso, dopo una lunga serie di fallimenti (viene respinto perfino dalla filodrammatica del suo College) si trasferisce a Los Angeles da Helena, in Montana, solo per raggiungere i suoi genitori e inseguire il sogno - destinato a rimanere tale - di diventare vignettista satirico in un quotidiano. Prova a sbarcare il lunario come mercante d'arte, aiutante fotografo, venditore di arredi teatrali, grafico pubblicitario, e nel frattempo arrotonda le magre entrate facendo la comparsa a Hollywood; ha imparato ad andare a cavallo per curare i postumi di un brutto incidente stradale e sa di essere molto fotogenico.

La sua carriera cinematografica, durata ben 36 anni, decolla col film Wings (William A. Wellman, 1927); appare solo per due minuti e mezzo, ma, come ricordil leggendario produttore della Paramount Pictures Andrew Craddock Lyles, "quando è arrivato Gary Cooper, lo schermo si è subito illuminato con lui". La sua presenza nei cast risolleva le fortune della Paramount, che risente della crisi economica del 1929, ma la pressione a cui lo sottopone lo star system è grandissima.


Nel 1931 fugge da Los Angeles e si rifugia in Inghilterra (dove aveva vissuto due anni da bambino) a seguito di un esaurimento nervoso. Durante il suo anno sabbatico inglese frequenta l'alta società e si innamora, ricambiato, dell'attrice e socialite Veronica (soprannominata Rocky) Balfe, nipote del direttore artistico della Mgm Cedric Gibbons. Veronica ha una grande passione per lo sport - ama l'equitazione, lo sci, il tennis, il nuoto ed è campionessa di tiro a volo nello Stato della California - un carattere solare e allegro e modi raffinati (ostentatamente "europei" secondo i detrattori wasp della stampa americana, che la considerano una papista eccessivamente snob). "Portò grande stabilità e amore autentico nella vita di mio padre" scrive Maria. Franck e Rocky si sposano il 15 dicembre 1933.

Vent'anni dopo, il 26 giugno 1953 nel corso del tour promozionale per Mezzogiorno di fuoco, Gary Cooper, insieme alla famiglia, incontra Papa Pio XII. "All'udienza mio padre - racconta Maria - teneva in mano santini, medagliette e una gran quantità di rosari appoggiati sulla manica della giacca (molti dei suoi amici a Hollywood avevano chiesto un oggetto benedetto dal Papa). Mia madre era molto elegante nel suo completo nero, e il capo velato come vuole l'etichetta. C'era molta tensione nell'aria quando, preceduto dalle guardie svizzere entrò il Papa, alto, pallido, e vestito di bianco. Eravamo all'incirca a metà della fila. Papà inginocchiandosi perse l'equilibrio - colpa dell'emozione, del suo cronico mal di schiena o di entrambe le cose - e fece cadere i santini e i rosari a terra; le medagliette rotolarono per tutta la stanza. In preda a un monumentale imbarazzo, muovendosi carponi, papà cercò di raccogliere tutto il più in fretta possibile, ma improvvisamente incappò in una scarpa scarlatta e nel lembo di un mantello. Papa Pio XII lo stava guardando, aspettando pazientemente che si rialzasse". L'incontro colpì profondamente Cooper, e non solo per l'imprevisto sketch comico di cui fu protagonista involontario. Anche se non ne parlava mai in modo esplicito a casa, spiega Maria, suo padre "desiderava una stabilità interiore che non riusciva a raggiungere da solo". E continua: "Una domenica dopo la messa scherzavamo sul colto e divertente Padre Harold Ford, una persona veramente in gamba, che mio padre aveva soprannominato "Don Tipo Tosto". Era incuriosito e disse: "Mi piacerebbe sentirlo un giorno". Rocky gli rispose semplicemente. "Bene, vieni con noi"".

Le parole di padre Ford, riporta sempre Maria, lo facevano pensare. Rocky non "architettò", come si legge spesso, la conversione di Gary, ma invitò padre Ford a bere qualcosa da loro perché potessero parlare con calma di questioni spirituali: i due uomini, invece, condivisero da subito il loro comune interesse per le armi, la caccia, la pesca e le immersioni subacquee. "Papà parlava a lungo durante i viaggi in macchina fino a Malibu con padre Ford. Iniziò a "convivere con la domanda", come scrive Rilke in un bellissimo verso, finché la risposta non si fece trovare".

Seguendo le orme del sergente Alvin York, il personaggio che ha amato di più e che gli è valso il suo primo Oscar, viene colpito dal pensiero 553 di Pascal, "non mi cercheresti se non mi avessi già trovato". Cooper viene quindi formalmente ammesso nella Chiesa cattolica e il fotografo Shirley Carter Burden è il suo padrino di battesimo. "Ho speso ogni ora della mia vita, anno dopo anno - spiega quello stesso anno a chi gli chiede il perché di questo gesto - facendo quasi esattamente quello che mi veniva in mente di fare; e quello che volevo fare non era sempre fra le cose più corrette. Lo scorso inverno ho iniziato a soffermarmi un po' di più su quanto stava nella mia testa da lungo tempo: "Vecchio Coop, tu devi qualcosa a Qualcuno per tutto quello che hai! Non sarò mai niente di simile a un santo (...) la sola cosa che posso dire è che sto provando a essere un po' migliore. Forse ce la farò"" (testimonianza raccolta da Barry Norman nel libro The Hollywood Greats).

Nell'aprile 1961 Jimmy Stewart si presenta all'Academy Awards per ritirare l'Oscar alla carriera assegnato a Gary Cooper, motivando la delega con il fatto che il suo amico è gravemente malato. Arrivano messaggi da tutto il mondo; tra gli altri, gli scrivono Papa Giovanni XXIII, la regina Elisabetta II e il suo grande amico Ernest Hemingway (con cui l'attore, durante le sue frequenti visite a Cuba, aveva a lungo discusso su the catholic thing); il presidente Kennedy lo chiama dallo Studio Ovale. Gli amici che lo vanno a trovare si aspettano un'atmosfera triste, ma a casa Cooper trovano luci soffuse e sorrisi, fiori freschi e musica: tutta la famiglia sta affrontando il momento della prova sorretta dalla fede.

Billy Wilder ricorda che l'ammalato indossava un pigiama molto elegante e sembrava più sereno dei suoi ospiti. Come Rocky confida a Hedda Hopper (Gary Cooper: American Hero; How I Faced Tomorrow, interview with Veronica Cooper and Maria Cooper Janis) "ciò che lo ha aiutato di più è stata la sua religione. Man mano che la malattia progrediva non ha mai chiesto "perché a me?", non si è mai lamentato, è stato aiutato dai sacramenti e da libri come Peace and Soul di Fulton Sheen e No man is an island di Thomas Merton". E al giornalista di The Straits Times che lo intervista il 6 maggio 1961, a pochi giorni dalla morte, dice: "So che quello che sta succedendo è la volontà di Dio; non ho paura del futuro". Dopo aver letto le testimonianze degli amici sull'ultimo periodo della vita di Gary Cooper, l'epiteto tradizionale di an american hero suona un po' meno retorico e più rispondente alla realtà.







sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

É novo » 12.1.2012

Posted: 11 Jan 2012 11:24 AM PST

O elogio das crises de fé (5/5) | VÍDEO |
«Não há teologia de fé que não seja teologia de crise. A fé é para nos colocar em crise, isto é, em estado de abertura, renascimento e reconfiguração. «Aprender a não temer e a sentir a crise como o momento do chamamento, da vocação, do seguimento e da descoberta mais funda.» «Também para nós a crise, “esse misterioso país das lágrimas”, não é um impedimento. Não só as crises de fé que nos impedem de acreditar. É nosso o conformismo, o acharmos que está tudo feito e resolvido.»

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

À PROCURA DA PALAVRAP. Vítor Gonçalves

DOMINGO II DO TEMPO COMUM

Eles foram ver onde morava

e ficaram com Ele nesse dia..”

Jo 1, 39

Aprender caminhando

O convite a caminhar tornou-se o “remédio” mais prescrito por todas as especialidades da medicina. “Faça isto, tome aquilo e, se possível...caminhe”, passaram a dizer os médicos para termos uma vida saudável. E parece que é mesmo verdade: caminhar faz bem. O filósofo Aristóteles, que tinha por método o ensino ao ar livre e em longas caminhadas, tinha fundado a escola peripatética (a “daqueles que passeiam”) e Jesus chama os seus discípulos “para andarem com Ele” (Mc 3, 14). O convite que Jesus fez aos dois discípulos depois de lhe perguntarem onde morava aponta o movimento constante de uma intimidade que não se instala. O conhecimento implica a experiência pessoal, a fé supõe encontro e caminho feito ou a fazer em comum.

Parar é morrer” diz a sabedoria popular e nestes dias difíceis não podemos deixar que vença essa “pequena morte”. São escandalosos os contrastes de rendimentos, desvaloriza-se o tesouro do trabalho humano, fragiliza-se a confiança e sentimo-nos perdidos entre a sobrevivência e o sonho. Sente-se a dor dos mais jovens que não falam em futuro e quase não têm memória histórica (e podemos aprender tanto com o passado!), e também a dos mais velhos que parecem antecipadamente despedidos da vida, julgados inúteis ou incapazes. Mas há também o desejo de aprender a viver de um modo novo. Talvez mais simples, mais centrado no essencial, valorizando mais as pessoas do que as coisas. Quando voltamos a calçar as sapatilhas para fazer uma caminhada ou uma corrida, a primeira tentação é desistir porque todos os músculos estão emperrados e doem imenso. O grande segredo está em caminhar com outros, em fazer da fragilidade de todos uma força que anima a prosseguir.

O encontro com Jesus revoluciona a vida. Da beira do rio e do ofício de pescadores os primeiros discípulos são lançados no turbilhão de uma boa nova que não deixa nada na mesma. Que não se acomoda nem procura estatuto, que não se deixa aprisionar na riqueza nem no poder estabelecido, que convoca dons e capacidades para fazer melhor. Esta boa nova que não cessa de propor ideias novas, caminhos a fazer em comum, transformação de mentalidades e de hábitos. A boa nova que é caminhar com Jesus e entender a fé como caminho.

Se aos primeiros discípulos de Jesus chamavam “os do Caminho”, percebemos melhor que acreditar em Jesus é, acima de tudo, caminhar com Ele. E não caminhamos com Ele sem caminhar com outros. Em comunidade que sofre e se alegra juntamente. Como convida o Papa Bento XVI a Igreja a vivermos um “Ano da Fé”, de Outubro deste ano a Novembro de 2013, nos 50 anos do Concílio Vaticano II e nos diz: “A fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e comunicada como experiência de graça e de alegria.”

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

No comments!


While concerns over the global economy and European debt problems linger into 2012, thousands of Japanese business people were on Wednesday making their annual trek to pray at a shrine in Tokyo considered to be lucky for business

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Oh Jesus!!! ;-)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A PARTIR DE DIA 6 DE DEZEMBRO NÃO PERDER!



A PARTIR DE DE DIA 6 DE DEZEMBRO
A NÃO PERDER NO PALÁCIO DE BELÉM!
Mais informações AQUI

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

«As nossas vidas são minas de ouro ocultas»

«Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos a seguinte parábola: “Um homem, ao partir de viagem, chamou os seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, conforme a capacidade de cada qual; e depois partiu. Muito tempo depois, chegou o senhor daqueles servos e foi ajustar contas com eles. O que recebera cinco talentos aproximou-se e apresentou outros cinco, dizendo: ‘Senhor, entregaste-me cinco talentos: aqui estão outros cinco que eu ganhei’. Respondeu-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel. Porque foste fiel em coisas pequenas, confiar-te-ei as grandes. Vem tomar parte na alegria do teu senhor’”». (Mateus 25, 14-15, 19-21)

Há uma velha história que diz que depois de Deus ter concluído a criação, todos os animais dançaram alegremente, descobrindo as maravilhas que os seus corpos podiam fazer; todos menos os pássaros.

Enquanto os outros animais tinham belas pernas para correr ou grandes barbatanas para nadar, tudo o que os pássaros tinham eram pernas pequenas e finas que só lhes permitiam dar uns passitos. E, pior, tinham pesados sacos de penas presos aos ombros.

“Porquê nós?”, lamentaram os pássaros. “Porque é que temos de saltitar com estes pesos pesados nas nossas costas quando todos os outros animais podem correr, nadar e divertir-se? Porque é que Deus não gosta de nós da mesma maneira que gosta dos outros?” E então sentaram-se e amuaram. Após um longo tempo uma voz serena chegou até eles através da brisa. “Desembrulhem esse embrulho pesado que têm nas vossas costas, abram-no todo e agitem-no na aragem”. Foi o que os pássaros fizeram, ainda que relutantemente. Abriram os “pesados sacos de penas” e descobriram que eram asas! Sacudiram-nas com toda a força que tinham. E em menos de nada estavam a voar, elevando-se bem acima de todos os outros animais. Foi então que os seus corações cantaram “Somos aqueles que Deus mais ama!”
Pensavam que eram pobres quando na verdade eram ricos.

Deus abençoou cada um de nós com um “pacote” de dons, perfeitamente ajustado a cada fase da nossa vida. No entanto poucos de nós alguma vez viram ou confiaram em metade desses dons e poderes que Ele colocou nas nossas mãos. É por isso que as nossas existências são mais pobres e menos felizes do que Deus desejou. Por que é que isto acontece? Talvez por nós sermos aqueles pássaros, que aprenderam a dar pequenos passos e pensaram que não havia mais nada para eles – só saltitando sempre e para sempre. Deixaram de procurar o seu melhor dom.

É o que nós fazemos constantemente, às vezes porque temos medo que não haja mais nada dentro de nós, e outras vezes porque as pressões para “fazer alguma coisa!” – escolher uma carreira, um companheiro – fazem com que fechemos os nossos olhos, deixando alguns dos nossos dons intocados e ocultos, o que significa ficarmos sem algumas dos instrumentos essenciais que precisamos para construir a vida. Imagine tentar construir uma casa sem um martelo ou uma serra!

Deus quer para nós vidas felizes. É por isso que nos ofereceu tantos dons, tantos instrumentos. No evangelho deste domingo Ele pede-nos para lançarmos outro olhar ao que nos deu: será que já descobrimos tudo? Será que estamos a usar e usufruir de tudo? Se não, estamos literalmente a tirar vidas felizes de nós próprios e de quem nos ama. Jesus pede-nos para que não deixemos que tal aconteça.

Escute-o. Olhe outra vez com olhos de ver: ficará admirada com a mina de ouro sobre a qual está sentada há tantos anos. Ficará admirada e Deus ficará muito satisfeito!

Mons. Dennis Clark
In Catholic Exchange

Trad. / adapt.: Rui Jorge Martins
© SNPC (trad.)



sexta-feira, 28 de outubro de 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Courage, temps d'aimer et sense d'humour



Por que será que me acabei de lembrar da maravilhosa Karen Blixen?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Já podemos reservar BULE outra vez!



Começámos por ir ao chazinho pela mão das avós e das mães,
Ao chá, aos scones e ao clássico bolo de caramelo que ainda hoje
quando se evoca, faz crescer água na boca!!!
No liceu voltávamos lá com as amigas para
recordar os melhores cheiros e sabores da infância…
Na faculdade … havia os namorados que tinham garrafa no Plateau e
os que faziam toda a diferença porque tinham Bule nas Vicentinas!
Em família ainda suspiramos pelos pastelinhos, croquetes, rissóis e empadinhas e agora desforramo-nos ao almoço, neste sítio lindíssimo que acaba de reabrir, com as receitas de então e com as novas comidinhas confeccionadas pelas mãos da Mariana e de um grupo fabuloso de voluntárias que hoje nos alegrou o dia!

Vale mesmo a pena! Não deixem de aparecer!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A última crónica de Tolentino Mendonça no DN da Madeira

Algumas histórias tornam-nos herdeiros de um lugar, outras de uma casa, outras de uma razão pela qual viver. Certas histórias deixam-nos o mapa depois da viagem, ou o barco em qualquer enseada, oculto ainda na folhagem, ou o azul desamparado e irresistível que lhes serviu de motivo para a demanda. Há histórias que nos pintam o rosto com terra amassada, vermelha, amarela, negra e iniciam-nos na decifração do fogo, na escuta dos silêncios da terra, no entendimento dos sonhos. Há histórias que nos conduzem ao centro impenetrável de bosques, aos segredos da penumbra do templo, à geografia de cidades, ao alarido dos mercados e à hesitação que a sabedoria por vezes dissolve, por vezes amplia.
Pelas histórias descobrimos a vastidão de um mundo interior, intacto e errante como uma paisagem do fundo dos mares, e, desse modo também, primordial e delicado, arcaico e sublime. Das histórias recebemos o socorro quando nos faltam palavras (ou outra coisa que não sabemos bem, mas que talvez nem sejam palavras) para medir a altura da alegria, porque, de repente, o amor, a poesia ou a santidade se avizinharam e, percebemos, nada antes tinha sido, para nós, tão imensamente belo e tão perigoso.
A herança dessas histórias constitui um património cultural, é certo. Mas importa não esquecer que elas são sobretudo dádiva confiada à vida, alento, sopro, energia pura. E, por isso, têm um inesgotável poder reparador. A «árvore da vida» das primeiras páginas do Génesis, «a estrela de Alva» dos hinos astecas, a «gazela» do folclore tuaregue, a «flor vermelha» duma canção mexicana, a «estrada larga» da declaração xamânica, a «raiz da vida» do poema de Madagáscar, a «planta da imortalidade» que Guilgamesh perde e procura, são-nos entregues, não só como metáforas, mas como símbolos que passam a sustentar connosco, a nosso lado, o duro e ligeiríssimo mistério da existência. As metáforas empalidecem e estilhaçam-se. Os símbolos têm capacidade de religar, a partir do fundo, as pontas decepadas e dispersas, os opostos da alma: a noite e o dia, a dor e o riso, a ação e a contemplação, a vida e a morte.

Muitas vezes, a meio da viagem, os viajantes se perguntam pelo que persistirá, uma vez concluído o caminho. O que persistirá destas paisagens que atravessamos, em solidão e companhia; disto que já foi tão real diante de nós como nós próprios; disto pelo qual lutamos e vivemos; disto que o mundo encosta ao nosso ouvido como um segredo; disto que nos faz chorar e rir; disto que nos colocamos a amar desabaladamente? Uma vez concluído o caminho, que resta aos viajantes? Que podem eles trazer ou conservar ou repartir? Gosto de pensar nas palavras de Sophia de Mello Breyner: «Feliz aquela que efabulou o romance/depois de o ter vivido/[…] E sob o fulgor da noite constelada/ À beira da tenda partilhou o vinho e a vida».

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A Não Perder!



quarta-feira, 5 de outubro de 2011

«Restabelecer as Vizinhanças»



Movimento e Imobilidade

O espírito dos Encontros TenChi

Na linha dos Encontros TenChi, que se prendem com a transmissão da mensagem espiritual do Oriente e do Ocidente, a Associação TenChi Internacional propõe uma jornada de reflexão e de prática no contexto actual em que o homem contemporâneo aspira a reequilibrar os seus modos de vida em todos os planos, corpo, alma, espírito. A espíritualidade no Oriente e no Ocidente partilham um fundo comum, o amor. Neste contexto o TenChi convidou algumas personalidades que foram tocadas por uma mensagem que se dirige ao coração. Faouzi Skali, Katia Légeret, Paulo Borges, Yves Crettaz e Georges Stobbaerts serão os intervenientes neste encontro que partilharão convosco a sua procura e as suas experiências.

A Prática

Concretamente, o nosso dia será pontuado por diferentes ateliers no sentido desta procura. Iluminada pela atenção, a pratica pode conduzir-nos à compreensão e à dissolução de tensões, deixando florir em nós o sentimento de unidade. As praticas são a ponte entre o céu e a terra. Elas ajudan a encontrar a sua propria linguagem gestual através de uma ancoragem interna e por uma abertura do corpo e do coração à energia universal. Elas são um meio para abrir as portas de nós mesmos. Os ateliers descoberta são abertos a todos, qualquer que seja a sua condição física ou idade.

Só conhecer o espaço dos meus vizinhos Sintrences é uma verdadeira viagem!

Podem consultar todo o Programa aqui.

domingo, 2 de outubro de 2011

O poema ensina a cair: sentado



CHANCE ENCOUNTER ON THE TIBER from Renato Chiocca on Vimeo.

Pode
pode sentar-se senhora
Eu não sou senhora eu não sou menina
(...) sento-me que de pé sou um balão vazio
(...) Sento-me
senhor professor doutor.
Eu não sou senhor professor doutor
minha não-senhora minha não-menina
e se estou de pé é ilusão de óptica
eu estou sentado todos nós sentados
isto é não rígidos não equilibrados.

Luiza Neto Jorge

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Bispo do Porto inaugura "experimenta design"

O bispo do Porto, D. Manuel Clemente inaugurou ontem em Lisboa a “experimentadesign” (EXD 11) com uma conferência onde pediu aos portugueses para acreditarem em Portugal: «Temos todas as condições para mostrar que somos bons, quando nos aplicamos e há condições para isso», afirmou D. Manuel Clemente, acrescentando que o país pode contribuir «para o devir europeu e até universal».
«Nós transportamos para o presente e para o futuro, é isso que nos projecta, uma capacidade de agir, de interagir e reconstruir». D. Manuel Clemente observou que a crise pode servir para que Portugal «se retome por aquilo que é», e acrescentou: «Somos muito, podemos ainda ser mais».
O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações falou aos jornalistas após a conferência de abertura da bienal, que este ano é dedicada ao tema ‘Useless’. O prelado considerou que o debate em volta da «utilidade e inutilidade» é da «maior relevância num momento de profunda interrogação acerca do presente».
«Se estamos mesmo convencidos de que o eixo, o nó, o fulcro de qualquer resolução é a dignidade de cada pessoa humana, devemos rever as prioridades», declarou o Prémio Pessoa 2009.
Na sua conferência, D. Manuel Clemente apelou a uma utilidade que não reduza as pessoas a «utensílios», valorizando «uma complementaridade essencial» no ser humano e na sociedade, de modo que todos sejam «úteis». «Entre pessoas, o tempo nunca é dinheiro, porque cada uma delas é o máximo valor», assinalou o prelado, que apelou à «restauração das vizinhanças» e à promoção da «interculturalidade» na organização das cidades.
O bispo do Porto afirmou que os portugueses são marcados por «algum pessimismo», que se contrapõe a uma visão dos estrangeiros sobre Portugal, visto como «uma cultura interessantíssima», num «ambiente muito agradável».
«Queríamos abrir as conferências de Lisboa não com um designer, arquitecto ou alguém da comunidade criativa, mas com alguém que pudesse trazer um olhar diferente sobre a ideia do uso», explicou a directora da bienal,  Guta Moura Guedes, ao justificar a escolha de D. Manuel Clemente para a conferência de abertura da EXD 11.
A responsável apresentou o bispo do Porto aos participantes como uma das «mais importantes figuras da cultura portuguesa».
O site da bienal, que termina a 27 de Novembro, refere que o programa «propõe um questionamento aprofundado da ideia de utilidade e do conceito de “sem uso”», constituindo, nas palavras da directora, o tema “mais provocador” da história de uma iniciativa que em 2011 apresenta 126 eventos e 164 convidados de 18 países e quatro continentes.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

E por falar em imprevisível coração...

Aqui vos deixo um presente absolutamente maravilhoso que descobri há dias na minha Casa de Provação da Cotovia. É um mineral da colecção do Museu Nacional de História Natural e não faz parte da herança dos Jesuitas.

Não tem qualquer mão humana!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Que rentrée tão retardada!!

Amigos e amigas!!!!!


Nota-se bem que andamos todos com vidas muito ocupadas! Mas o que é que se passa? Nem um post pequenino, nada para animar este maravilhoso e fantástico blog? Muda o Governo, o país continua em desagregação, com uma heração socrática de primeira linha, com jardins à beira mar mal plantados e ninguém, mas ninguém, escreve uma palavrinha por aqui???É que a vida não pára... A Lili Caneças diz que é existencialista , que numa fase da vida dela só se vestia de preto e lia Simone de Beauvoir; o grande e paciente Sporting , lá vai enchendo o bico, jogo a jogo; o Museu do Cinema/Cinemateca Portuguesa passou a fazer parte de um aglomerado de empresas.Ou seja, ali as instalações da Barata Salgueiro passam a ter um letreiro a dizer «PREMAC -alugam-se/vendem-se microfilmes do património cinematográfico português».
Vá lá, apareçam. Como já tenho muitas saudades de todos, deixo-vos esta oração escrita por Tolentino Mendonça, dedicada aos amigos:"Obrigado, Senhor, pelos amigos que nos deste. Os amigos que nos fazem sentir amados sem porquê. Que têm o jeito especial de nos fazer sorrir. Que sabem tudo de nós, perguntando pouco. Que conhecem o segredo das pequenas coisas que nos deixam felizes. Obrigado, Senhor, por essas e esses, sem os quais, caminhar pela vida não seria o mesmo. Que nos aguentam quando o mundo parece um sítio incerto. Que nos incitam à coragem só com a sua presença. Que nos surpreendem, de propósito, porque acham mal tanta rotina. Que nos dão a ver um outro lado das coisas, um lado fantástico, diga-se.Obrigado pelos amigos incondicionais. Que discordam de nós permanecendo connosco. Que esperam o tempo que for preciso. Que perdoam antes das desculpas. Essas e esses são os irmãos que escolhemos. Os que colocas a nosso lado para nos devolverem a luz aérea da alegria. Os que trazem, até nós, o imprevisível
do teu coração, Senhor".

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O fim da comédia cultural?

A grande ministra da cultura que foi Gabriela Canavilhas (GC), neste momento deputada do PS, informa-nos agora que o seu partido «precisa de um líder que assegure a ligação ao cidadão comum, que lidere uma oposição firme e livre, em respeito pela herança histórica do PS e pelo legado de grande dignidade que nos deixou (o anterior líder dos socialistas), José Sócrates». Quando li este excerto da entrevista que GC deu à Lusa pensei que tinha lido mal. Reli e voltei a reler….Não. Era verdade! Ela dizia mesmo aquilo. Delírio das multidões. Lá vão os stand-up comedies ter mais material para nos fazer rir. Sentarem-se num divã, pintarem as bocas com um batôn super vermelho e desatarem a dizer asneiras e a imitar a GC a bambolear-se pelos eventos culturais. Não era preciso tanto. Dizer estas pequenas barbaridades…Um líder que assegure a ligação ao cidadão comum??? Qual ligação? Deus nos livre. Herança histórica do PS? Mas a senhora perdeu a cabeça. Qual herança? A dos pais de cada um? Só pode ser isso e isso é do foro privado. Legado de grande dignidade que nos deixou o Sr. Pinto de Sousa? Mas alguém à face deste país, com alguma dignidade, vem defender o Sr. Sousa e dizer isto? Nem mesmo os candidatos a Secretário-geral do PS, que aliás a deputada Canavilhas consegue apoiar, simultaneamente, de uma forma magistral, falam de uma forma tão eloquente do futuro filósofo Sócrates. Que triste não ter nada que fazer! Pobre Parlamento.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

AMOR E BONDADE

José Mattoso: Sabedoria e Fraternidade from Pastoral da Cultura on Vimeo.

40 anos de carreira, 67 de vida. Joaquim Benite criou uma companhia e um dos maiores festivais de teatro!

Em entrevista ao jornal «ionline», «-Gosta do secretário de estado da cultura, Francisco José Viegas?Pelo menos é uma pessoa interessada e culta e a Canavilhas, para mim, era uma terrorista, o ministério da cultura do Sócrates é uma espécie de invasão dos Hunos.
Porquê?Destruiu tudo o que estava feito, mudava de opiniões e nomeou uma pessoa absolutamente inclassificável, sem preparação para director geral das artes, o João Aidos. A ex-ministra é uma boa pianista, fez um bom trabalho na Orquestra Metropolitana, mas tornou-se frívola e deslumbrou-se com ministério. Depois resolveu cortar nos subsídios das principais companhias. A mim tirou-me 150 mil euros e não posso perdoar a quem me tira esse dinheiro».

quarta-feira, 22 de junho de 2011

A Poesia Portuguesa no Vaticano

José Tolentino Mendonça é um dos 60 artistas convidados, o único português, para os 60 anos de ordenação sacerdotal de Bento XVI.O presidente do Conselho Pontifício da Cultura, o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, organizou uma homenagem ao Papa por parte de 60 personalidades de «nível internacional e pertencentes às diversas categorias artísticas», como a «pintura, escultura, fotografia, literatura e poesia, música, cinema, ourivesaria», refere uma nota de imprensa da Santa Sé. Assim, na manhã de 4 de Julho, Bento XVI vai inaugurar a exposição com os contributos artísticos: a mostra, intitulada “O esplendor da verdade, a beleza da caridade”, vai estar aberta ao público entre 5 de julho e 4 de setembro, de segunda a sábado, das 10h00 às 19h00. «Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza», disse o Papa Bento XVI aqui em Lisboa, no CCB. Assim seja.

«O SILÊNCIO

Regressamos a uma terra misteriosa
trazemos uma ferida
e o corpo ferido
imprevistamente nos volta
para margens mais remotas

Giorgio Armani tinha declarado
àquele jornal inglês: «o luxo desagrada-me,
é anti-democrático.
Quero agora homenagear os operários de todo o mundo»
Eu só pensava em São João da Cruz
enquanto ouvia pela enésima vez:
«a moda substituiu o luxo
pela elegância»

João da Cruz fala de coroas,
resplendores, casulas
véus de seda, relicários de ouro e
diamantes

para lá do jogo das nossas defesas
qualquer coisa interior
a intensa solidão das tempestades
os campos alagados,
os sítios sem resposta

o teu silêncio, ó Deus, altera por completo os espaços»

José Tolentino Mendonça

quarta-feira, 8 de junho de 2011