terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Diocese de Beja + Biodiversidade

Igrejas históricas vão ser núcleo de biodiversidade para projecto no Baixo Alentejo


Igreja da Safira, Montemor.

As igrejas históricas do Baixo Alentejo vão cruzar-se com a biodiversidade num projecto que visa a promoção da paisagem desta região de Portugal. O objectivo é o desenvolvimento do turismo ambiental, a salvaguarda da natureza e colocar um holofote nestas igrejas que são património histórico.

O projecto resulta de uma parceria entre o Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) e o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHADB).

O director do DPHADB, José António Falcão, explicou hoje que o projecto visa “mobilizar a participação da sociedade civil para salvaguardar valores naturais e culturais do Baixo Alentejo”. A ideia surgiu depois do departamento verificar a riqueza das envolventes dos monumentos religiosos, “sobretudo em zonas rurais, são verdadeiros santuários da vida selvagem”.

As torres dos campanários são “pontos privilegiados de nidificação” para algumas aves, como o francelho e a cegonha, e os adros e outros espaços em redor dos templos “reúnem condições excepcionais para a preservação da fauna e da flora” e são locais de refúgio de aves ameaçadas, como a abetarda e o sisão. Neste sentido, o projecto vai, “em primeiro lugar, ajudar a salvaguardar a biodiversidade” e, por outro lado, “trazer nova vida” a monumentos religiosos.

Trata-se de igrejas e ermidas históricas situadas em meio rural e que, “devido ao isolamento ou por já não serem utilizadas para culto permanente, encontram no património natural um bom motivo para serem visitadas e terem uma função social útil”, explicou. O projecto vai incidir sobretudo na zona do Campo Branco, que abrange os concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Castro Verde, Mértola e Ourique, na Zona de Protecção Especial de Cuba e no Vale do Guadiana, disse.

Participação da comunidade

Uma das acções do projecto vai criar rotas de turismo ambiental para “desafiar os automobilistas a descansar algumas horas, saindo dos percursos de estrada e seguindo por caminhos secundários, para conhecerem alguns dos sítios da região mais espantosos em termos de conservação da biodiversidade”.

Os trabalhos vão passar também por “dinamizar a participação da comunidade”, sobretudo de escolas e agricultores, para desenvolver acções simples e pouco dispendiosas. A “melhoria de pontos de água”, as chamadas “fontes santas”, que existem junto a templos, e a plantação de pequenas searas de feijão-frade ou outras leguminosas, são algumas das ideias que “podem ajudar a fixar e a alimentar aves ameaçadas”, como a abetarda e o sisão, disse.

O projecto vai envolver escolas na monitorização da fauna selvagem, através de “câmaras web” instaladas em sítios estratégicos e que “podem fazer a diferença para a sobrevivência de espécies ameaçadas”.

O protocolo entre o ICNB e o DPHADB para implementação do projecto vai ser assinado na terça-feira, numa cerimónia a partir das 11h30 na igreja matriz de Mértola.

in Público,
(Lusa_10.01.2011)

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