segunda-feira, 17 de agosto de 2009

"Contemplagens" Obrigatórias…


Preparava-me para ir a um simples cinema mas distraída a divagar, enganei-me
na saída da auto-estrada... fui parar a Almada onde um transito de fim de quinzena
e de fim de tarde de praia me empurraram literalmente, para o meio do rio ... obrigada a parar e a contemplar Lisboa durante 45 maravilhosos minutos!!!

Quando atravesso – vinda do sul – o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do seu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas –
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insónia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
– Digo para ver.

Lisboa, Sophia de Mello Breyner Andresen

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