domingo, 9 de maio de 2010

O AMOR ANTIGO

O amor antigo vive de si mesmo

Não de cultivo alheio ou de presença.

Nada exige nem pede. Nada espera

mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas

feitas de sofrimento e de beleza.

Por aquelas mergulha no infinito,

e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona

aquilo que foi grande e deslumbrante,

o antigo amor porem nunca fenece

e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mais pobre de esperança.

Mais triste? Não. Ele venceu a dor

e resplandece no seu canto obscuro,

tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond

2 comentários:

Superiora disse...

muito bom! ;-)

number ten disse...

É verdade o amor nada deve esperar.Não só o antigo.O Amor em si. E a amizade, igualmente. Tudo se alcança, na paciência do Amor e da Amizade.