
«Ajoelhado no terraço, Gaspar olhava o céu da noite.Olhava a alta e vasta abóboda nocturna, escura e luminosa, que simultaneamente mostrava e escondia.
E disse:
-Senhor, como estás longe e oculto e presente!Ouço apenas o ressoar do teu silêncio que avança para mim e a minha vida apenas toca a franja límpida da tua ausência.Fito em meu redor a solenidade das coisas como quem tenta decifrar uma escrita difícil.Mas és Tu quem me lês e me conheces.Faz que nada do meu ser se esconda.Chama à tua claridade a totalidade do meu ser para que o meu pensamento se torne transparente e possa escutar a palavra que desde sempre me dizes». Sophia de Mello Breyner
E que eu nem sempre ouço!
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