sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Todos os homens precisam de ser felizes!!!

«O Advento é convite à conversão. Em honra do nascimento de Jesus, a Igreja convida-nos a corrigir tudo o que haja de errado nas nossas vidas, a trabalhar com mais afinco pelo bem dos homens. Mas, curiosamente, no 3º domingo do Advento, a liturgia interrompe essa pregação e fala-nos simplesmente da alegria.
Todos os homens precisam de ser felizes. Mas há aqueles que põem a felicidade na riqueza, no poder, nas satisfações mais imediatas; e há aqueles que só se sentem verdadeiramente felizes no dom e na partilha.
O Evangelho fala constantemente do amor. É claro que o amor tem concretizações muito diferentes: o amor do homem e da mulher, o amor dos pais e dos filhos, o amor que é amizade, o amor que nos faz sair à procura dos pobres e dos doentes, o amor que se empenha na justiça e na paz, o amor que nos leva a dar a vida por uma boa causa. São diferentes, mas têm algo de comum: a descoberta de que para além de mim existe o outro, a aceitação do risco de dialogar com o não totalmente conhecido, a partilha do que era só meu, a fidelidade (óbvia no caso do casamento, importante ainda se se ajudou desde há muito um pobre, um doente, uma região atrasada), a comunhão. Quando S. Francisco de Assis domina o seu horror pelo leproso e o abraça, comunga no mais sério da condição humana.
Houve tempo em que a religião parecia apostada em matar a alegria. Aquele tempo em que os pregadores em tudo viam pecado, só se entendiam com mandamentos e castigos, não acreditavam que a alegria e o bem pudessem andar de mãos dadas.(…). Os tais pregadores parece que não entenderam que quem ama a sério cumpre o bem, e portanto os mandamentos, de maneira espontânea e superior. Uma mãe que tenha um filho doente não precisa que ninguém lhe diga: tens obrigação de o tratar. É capaz de passar noites em claro à sua cabeceira, espantar-se-ia se a louvassem. Gosta do filho e estará ali enquanto for preciso, enquanto tiver forças para o fazer. E enche-se de alegria quando o filho melhorar.
Não ignoro que somos todos imperfeitos, a ponto de nos podermos deixar cegar por alegrias traiçoeiras. Temos de pedir a Deus, todos os dias, que nos mantenha no caminho, é sensato que não desprezemos eventuais críticas dos amigos.
Mas isto tudo não destrói a afirmação de que, à medida que crescemos para a vida e para Deus, o amor e a alegria podem andar cada vez mais de mãos dadas. O amor dá paz e alegria, quem entrou nessa alegria e nessa paz sente-se cada vez mais convidado a ser dom.»
Padre João Resina Rodrigues

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